terça-feira, 10 de julho de 2012

Começando do início...

Estou começando no Ving Tsun e resolvi registrar aqui as minhas experiências e o meu caminho nesta arte.

Eu confesso que nunca fui um fã fervoroso de "lutas". Nunca fui de assistir muitos filmes de kung fu. Nunca fui de acompanhar artes marciais. Claro, eu assisti a "O Karatê Kid" quando era pequeno, mas quem da minha idade não o fez? Só que depois disso não vi muito mais, e nem fui praticar caratê influenciado pelo filme, como muitos fizeram. Na minha adolescência eu fiz jiu-jitsu por um tempo, e até gostava, avancei um pouquinho (não lembro extamente até onde, se não me engano faixa laranja com 1 grau), mas depois que o professor deixou de dar aulas eu acabei não continuando. Não procurei outro professor e nunca mais pratiquei.

Muitos anos se passaram, eu fui ficando cada vez mais sedentário (ou em modo de economia de energia!) e fiquei muito, mas muito tempo sem praticar exercícios físicos.

Já há alguns meses eu pensava em tentar voltar para o jiu-jitsu, comecei a pesquisar na internet se havia alguma academia para iniciantes perto de casa. Sim, para iniciantes porque, tendo estado tanto tempo parado, inevitavelmente eu teria que voltar para a faixa branca. E sim, perto de casa, porque como disse estou em modo de economia de energia, e sei que se fosse um pouco longe, mesmo que eu começasse, chegaria um momento em que eu não iria mais. E além disso, uma coisa que me desanimava também no jiu-jitsu era a fama e o direcionamento de "esporte de competição" e/ou "luta de pitboy". Não queria ir para academia para "entrar na porrada", o que eu procurava era um exercício físico.

Nesse meio-tempo, na empresa onde estou trabalhando, entrou na equipe uma pessoa para ajudar na comunicação com o cliente, que estava ficando um tanto desgastada. Começamos a trabalhar juntos, e como a principal parte do trabalho dele era exatamente essa comunicação com o cliente, ele conversava muito com as pessoas da empresa, tanto assuntos relacionados ao projeto quanto assuntos em geral. Eu acompanhava alguma dessas conversas, e um dia estavam falando sobre "uintchum", e eu não fazia ideia do que era isso. Em outro dia o vi acessando um site e vi que era sobre "Wing Chun", que eu ainda não sabia o que era, mas consegui ligar àquele nome estranho que eu tinha ouvido antes. Até que em outra ocasião ele, que se chama Cláudio, comentou comigo sobre o Wing Chun e eu finalmente soube do que se tratava.

O Cláudio me explicou que o cliente já conhecia o Wing Chun pois havia assistido a uma palestra do Leo Imamura em uma outra empresa onde havia trabalhado. Eu até então também não sabia quem era Leo Imamura, e ele foi então me falar um pouco sobre isso tudo. Falou sobre o sistema, me mostrou alguns videos de Ip Man, que eu obviamente também não conhecia e achei muito estranhos aqueles movimentos que ele fazia nos videos. Aquilo era kung fu? Mas kung fu não é aquele lance que o Bruce Lee faz nos filmes que eu não vi? Não são chutes altos, giros e gritinhos? Era este o estereótipo que eu conhecia. Fui ficando cada vez mais instigado.

Comecei então a pesquisar sobre o Wing Chun na internet, e aí comecei a entender um pouco melhor do que se tratava. Li bastante sobre o assunto, sobre Ip Man, Yim Wing Chun, Ng Mui e o próprio Bruce Lee. Comecei a ver mais alguns videos no YouTube, já com outros olhos e entendendo um pouquinho mais o que estava acontecendo. Até que decidi saber se havia uma academia perto de casa (economia de energia!). Não daria para fazer com o Cláudio, já que ele mora em Niterói, e sair de casa ou do trabalho para treinar em Niterói e voltar não passava pela minha cabeça. Ainda não passa, pra falar a verdade.

Quando fiz essa pesquisa, vi alguns locais mais ou menos perto, mas que não daria para ir andando, e se não desse para ir andando não seria perto o suficiente para o meu estado de economia de energia. Mas de qualquer maneira já era um indício. Até que encontrei 2 endereços bem perto de casa, os 2 mais ou menos equidistantes. Resolvi escrever para pedir maiores informações. O primeiro não respondeu, e estou esperando até hoje! O segundo era a escola que foi me acolher, no final das contas.

Eu já estava deitado, fazendo minhas pesquisas no tablet enquanto a Fernanda (minha esposa) assistia sua novela da madrugada no Viva, antes de dormir, e mandei o email pedindo informações. Era sobre a unidade de Copacabana da "Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence". Era tão misterioso quanto a outra escola que não havia me respondido, e ainda escreviam o nome de forma diferente! Depois disso fui dormir. Até então eu não tinha falado nada ainda com a Fernanda, acho que nem sobre a abortada volta ao jiu-jitsu. Ainda era uma "investigação solitária", um "vamos ver no que dá".

Acordei no dia seguinte, fui para o trabalho e, por volta das 11h da manhã, recebi um email de "Ursula Lima 'Moy Lin Mah'". Para minha surpresa, era um convite para conhecer o núcleo, ao invés de simples respostas às perguntas que eu tinha feito no email (horários, preparativos, idade, endereço, essas coisas). Mais alguns emails trocados durante a tarde e marcamos a visita para o mesmo dia, às 19:30. Isso foi no dia 13/06.

Feito isso, enviei um SMS para a Fernanda perguntando se ela gostaria de ir conhecer uma "academia" comigo. Ela tomou um susto, já que como eu disse, ainda não tinha contado pra ela. Susto ainda maior foi quando ela me perguntou "academia de que" e eu respondi simplesmente "kung fu". Deve ter achado que eu tinha ficado maluco. Mas me deu todo o apoio e disse que iria sim comigo.

Fomos à noite conhecer a escola, e fiquei mais uma vez surpreso em ver que era apenas uma sala em um edifício comercial em Copacabana. Quando pensamos em "academia de artes marciais" logo pensamos em espaços grandes, tatames, filas e filas de pessoas fazendo movimentos ritmados e sincornizados, mais um estereótipo, e não era nada do que eu via ali. Vi um espaço arrumado, bem cuidado e tranquilo, o extremo oposto do conceito de "academia", seja de artes marciais, de ginástica, etc., que eu tinha. 

Mestra Ursula nos recebeu muito bem, e começamos a conversar. Falou sobre o Ving Tsun como forma de arte, falou sobre a história, sobre Moy Yat e Ip Man, perguntou sobre minhas expectativas, sobre as expectativas da Fernanda, entre outras coisas. Até cheguei a cogitar que ela podeira estar pensando em mim como "um aluno estranho", pois não era fã de lutas propriamente dito, não vi muitos filmes do Bruce Lee, este tipo de coisa que eu acho que deve ser lugar-comum entre aqueles que procuram uma arte marcial para praticar. Muitas perguntas que ela fazia eu respondia com um "não"... Mas, como eu disse durante a nossa conversa, o meu objetivo não era tanto a "luta" quanto a "arte", além da possibilidade de me exercitar novamente, e o Ving Tsun me pareceu uma oportunidade de começar o exercício aos poucos, e de forma bem menos violenta que o jiu-jitsu, por exemplo. Hoje vejo, mesmo com o pouquíssimo tempo, que no Ving Tsun não tem disso de "aluno estranho" ou "aluno errado". O Ving Tsun se adapta a todos, e todos podem se adaptar ao Ving Tsun.

Depois de praticamente uma hora de conversa, ela foi nos mostrar o Mo Gun. Havia algumas pessoas treinando, e um deles era o Leo, que foi namorado de uma amiga da Fernanda. Muita coincidência! Mestra Ursula nos mostrou a área onde se presta homenagem aos ancestrais da família, o quadro com os níveis do Ving Tsun, o boneco de madeira, e continuamos conversando mais um pouco. Tiradas todas as dúvidas, eu resolvi finalmente aceitar o convite e ingressar no Ving Tsun Experience, que é a introdução ao sistema através do Siu Nim Do. A primeira sessão seria dali a uma semana, no dia 19/06.

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