terça-feira, 31 de julho de 2012

Escrevendo aqui rapidinho, só pra não deixar a sessão da última semana passar em branco.

Antes de começar a sessão, ficamos conversando um pouco com a SiJeh Marília, que nos contou um pouco da sua história na família, inclusive como no início essa história de "família kung fu" era um conceito estranho para ela, mas que depois tudo foi se encaixando. Também estou um pouco nessa, mesmo porque ainda estou fazendo o "Ving Tsun Experience" né... Foi uma conversa breve mas bem interessante com ela e o SiHing Ronald.

Começada a sessão, a SiFu nos deu uma breve explicação de alguns termos utilizados entre os praticantes do Ving Tsun, como SiFu, SiHing, SiJeh, SiDai, etc, e comentou que achou interessante eu ter lembrado dos termos para colocar aqui no blog. Tive que confessar que eu não lembro de tudo, de vez em quando eu uso uma cola! A maioria dos termos, principalmente da primeira sessão, eu realmente me lembrava quando fui escrever, mas para outros eu tenho consultado um glossário que encontrei no site WingChunPedia, que vou colocar nos links ali do lado direito. O site está em inglês...

Continuamos evoluindo no exercício que vínhamos fazendo, e desta vez começamos a fazer movimentos de soco, o Yat Jee Chung Choi. E sim, eu fui olhar no glossário para colocar o nome aqui! =]

Esta foi a última sessão de Siu Nim Tao durante o Siu Nim Do, na sessão de amanhã vamos "começar a andar", iniciando as sessões de Cham Kiu do Siu Nim Do.

(Eu disse que este post seria rapidinho...)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Kung Fu, Newton e stand-up comedy?

Na quarta-feira fiz a quinta sessão, segunda já com a "turma" formada. Foi uma sessão bem cheia, com o acompanhamento de vários SiHings. A Fernanda também foi para ver a aula, mas ficou só sentada no cantinho, sem participar mesmo! =]

No começo fizemos o Siu Nim Do, com um SiHing fazendo uma pergunta para cada um. Na minha vez, quando o SiHing Paulo foi me fazer a pergunta, eu já sabia antes mesmo dele começar a falar qual seria. É que mais uma vez eu esqueci de fazer o mesmo movimento durante o Siu Nim Do. Preciso prestar mais atenção. O mais incrível é que este é o movimento que estamos usando frequentemente para os exercícios de mobilização, e quando treino em casa eu não esqueço dele!

Fizemos então mais uma vez os exercícios, e desta vez quem nos mobilizou foram todos SiHings "novos", ou seja, que nunca tinham feito o exercício conosco. E como a SiFu falou na sessão anterior, com cada pessoa o exercício vai ser diferente, cada um tem o seu jeito de fazer, sua força, sua energia. Era a primeira vez que o SiHing Paulo fazia o papel de mobilizador, e o nosso desafio era ainda maior, segundo a SiFu nós teríamos que mobilizar o mobilizador a nos mobilizar (nó no cérebro, alguém?)...

Ainda estou aperfeiçoando minha postura e o meu uso dos cotovelos, tomando o cuidado de não utilizar os ombros como gerador de força, mas algumas vezes fica complicado. O movimento mais natural até agora ainda é gerar a ação a partir dos ombros, mas isto não é o ideal porque cansa, pode machucar, desfaz a estrutura montada com o Yi Ji Kim Yeung Ma e ainda faz com que os cotovelos "abram", deixando o tronco desprotegido. Várias vezes eu paro o movimento logo depois de começar porque sinto que estou iniciando pelo ombro e quero evitar isto.

Apesar de a sessão inteira ter girado em torno deste exercício, no meio da sessão a SiFu introduziu um novo conceito para nós, que teríamos que utilizá-lo no exercício. No final, ao invés de projetar a energia para arremessar o oponente, deveríamos entrar em uma posição de guarda (a SiFu falou o nome algumas vezes, mas infelizmente não guardei). Esta posição coloca as duas mãos abertas, "em linha" à frente da pessoa.

Discutimos um pouco sobre o conceito de guarda, do porque desta guarda ser deste jeito ao contrário da guarda do boxe, por exemplo, que proteje bastante a cabeça e já deixa preparado para o golpe. No caso da guarda do Ving Tsun, não se protege nenhuma região tão especificamente quanto os outros exemplos que vimos, e o intuito é exatamente prover uma neutralidade. Uma vez que os braços e as mãos estão em uma posição neutra, central, é mais prático e rápido responder aos ataques acima, abaixo e aos lados do que se os tivéssemos totalmente para cima ou para baixo. As mãos retas e levemente à frente também são um meio-termo entre uma posição de ataque (soco, mão fechada e projetada para frente) e uma de defesa (mão espalmada e um pouco mais próximo do corpo).

Quando começamos a fazer o exercício com a guarda, o SiHing Paulo me deu uma informação para me orientar, mas que no final das contas acabou me gerando uma pré concepção de como deveria fazer o movimento. Quando a SiFu veio fazer um pouco o exercício comigo, e eu já tinha esta ideia na cabeça, numa primeira vez a coisa funcionou, mas na segunda ela inverteu o lado de onde a força dela vinha e, nas suas próprias palavras, a minha cabeça "deu tilt"! Eu travei o movimento e não sabia como sair dali para a posição final da guarda. Com base nisso a SiFu chamou todos para verem o nosso exercício e como eu estava tendo dificuldades em entrar na guarda uma vez que ela invertia o origem da força. Eu entendi o que estava acontecendo, mas não conseguia resolver a situação.

Isso gerou também uma discussão sobre estar preparado para pegar a informação que se está recebendo e trabalhar a partir dela. Que talvez não exista uma posição exata ou perfeita, mas sim a mais prática e mais proveitosa. No final das contas, numa situação de crise, o ideal é olhar em volta e agir de acordo. Não acreditar em somente uma verdade, mas aceitar outras verdades.

Terminada a sessão, voltamos para casa, tudo normal, etc. Então ontem à noite eu fui ver alguns videos no Netflix, e eles tem algumas séries de palestras do TED, e tem uma que eu gosto de ver que se chama "Rindo com inteligência". São palestras diversas, sobre temas nem sempre "sérios" ou "tecnológicos", algumas somente para fazer rir, outras com alguns pontos mais interessantes. E aí eu assisti a uma de 2002 que tinha muito a ver com o que eu tinha visto na sessão de quarta! É uma palestra da Emily Levine, sobre a "teoria do tudo". Segundo o seu perfil no TED, ela é uma "comediante-filósofa".

O video está abaixo, quem quiser gastar uns 20 minutos com ele é só clicar no botão do play. Tem legendas em português, para quem quiser também.



E quem quiser o link, é esse aqui.

Mas o que isso tem a ver com o kung fu, ou com a sessão de quarta-feira? Vamos lá...

Ela começa a palestra falando como começou no humor, participando de "jogos teatrais", que são jogos de improvisação onde uma pessoa dá uma ideia e os participantes precisam improvisar a partir daquilo. Ela diz que existe apenas uma regra para este jogo, que diz que você não pode negar a realidade do outro, você deve sempre construir a partir daquilo. Por mais que isto gere uma contradição, que vá contra os conceitos que você tem, você não deve rejeitar o que o outro jogador lhe oferece, você deve aceitar aquela "verdade" e trabalhar a partir dela.

Isso já me remeteu ao exercício da guarda, quando a SiFu inverteu a origem da sua força e por alguns momentos eu não aceitei aquilo, inclusive teve uma vez em que eu precisei fazer um movimento muito mais complexo para atingir o que na minha concepção seria o meu objetivo. Tivesse aceitado que o estímulo mudou e me ajustado para agir de acordo com aquela "nova verdade", talvez fosse mais fácil finalizar o movimento e entrar na posição de guarda.

Em seguida ela começa a falar sobre discussões, argumentos, onde uma pessoa tem sempre que ter a razão. Que as discussões são sempre baseadas nos valores dos envolvidos. E que na ciência newtoniana existe um conceito de objetividade, onde o sujeito deve sempre subjugar o objeto. Conceitos de assertividade, voz ativa e voz passiva.

Isso tem a ver com o conflito, a guerra, que é o ponto de partida do nosso estudo do Ving Tsun, como reagir em uma situação de crise. Se você está na posição do subjugado, como fazer para sair desta posição, para conseguir uma vantagem? Como aceitar a verdade apresentada pelo seu agressor e construir a partir dela?

Ela também fala sobre o "heckler", muito comum nas apresentações de stand-up comedy nos EUA, que é o sujeito que fica instigando o comediante, tentando atrapalhar sua apresentação, etc. Ele muitas vezes, na intenção de atrapalhar o espetáculo, fornece novas informações, ou novas "verdades" para o comediante, e este vai continuar sua apresentação levando aquilo em consideração. Se o comediante não aceitar aquela informação, se ele tentar a todo custo seguir o seu roteiro pré concebido, pode até chegar ao seu objetivo, mas vai ser muito mais difícil do que se ele der um "cala-boca" no heckler, para delírio da platéia!

Este é um pouco do papel do mobilizador, claro que não nas mesmas proporções, mas o mobilizador precisa de alguma forma guiar o aluno durante o exercício, fornecendo estímulos para que seja possível executar o exercício ou a tarefa proposta.

Em outro momento da palestra ela aborda mais uma vez a ciência newtoniana, dizendo que nela a matéria tem entre seus atributos a ocupação de espaço e a impermeabilidade, o que me remeteu também à guarda que vimos na sessão. Ocupar espaço e não permitir que outro corpo invada este espaço. Esta deve ser a função de uma guarda, proteger o seu espaço.

Uma grande parte da palestra, do meio para o final, é baseada em um livro que ela disse ter lido, chamado "Trickster Makes This World" (traduzido na legenda como "O Ardiloso Faz O Mundo"), de Lewis Hyde. Lendo este livro ela diz ter encontrado a definição para o seu formato de humor. O "trickster", segundo a palestrante, é um agente de mudança. Um provocador, um "heckler", um mobilizador. E ela começa a listar algumas qualidades do "trickster":

1. Atravessar fronteiras
No caso dela, isso quer dizer "se meter" em assuntos que não domina. Eu vejo isso, no Ving Tsun, como sobrepor dificuldades. Quando ela fala sobre assuntos que não conhece, traz um novo ponto de vista. É o papel do mobilizador, colocando novos elementos para provocar reações, como a SiFu trocando a origem da energia no nosso exercício.
2. Estratégias não oposicionistas
De novo o conceito e aceitar a realidade do outro. Um paradoxo onde se permite que mais de uma realidade coexistam. Devemos aceitar que os coisas mudaram e agir de acordo com as novas circunstâncias.
3. Sorte/Acaso
A figura do "trickster" tem sua mente sempre preparada para o inesperado, tem a habilidade de deixar a mente leve, aberta a novas ideias, ou para ver as contradições e os problemas nessas ideias.
4. Andar na corda bamba/ter desenvoltura
Ela diz que um grande desafio é construir sua apresentação de forma que seja preparada e não-preparada, achar um equilíbrio entre os dois.
Estar muito preparado pode não deixar espaço para os acidentes. E nada nunca vai ser 100% como se espera, sempre vai acontecer alguma coisa, aparecer uma nova informação, que nos fará repensar uma estratégia e reagir àquilo.

Ela diz ainda que procura, em suas apresentações, causar um "curto-circuito" no pensamento das pessoas, fazer com que não sigam a sua linha de associação normal, mas a partir de novos estímulos se reconectar. 

E bem no final da palestra ela levanta uma quinta qualidade do "trickster", que diz respeito a alcançar a beleza (ou a perfeição). O "trickster" pode tenter à beleza, mas para isso tem que se desfazer de todas as outras qualidades. Uma vez que você se aproxima da beleza, entra em um estado finalizado. Mas se deixar que os acidentes aconteçam é possível entrar em uma sintonia, uma onda de probabilidades. Quando se alcança a beleza/perfeição, essa onda de probabilidades desmorona e se transforma em apenas uma possibilidade, em uma verdade.

Então, no final das contas, se não tivesse passado pelas experiências da sessão de quarta, teria visto esse vídeo com outros olhos, e talvez ele nem me interessasse tanto, mas com as novas informações recebidas, foi bem diferente...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Robert Downey Jr. usando Ving Tsun para seu Homem de Ferro?

Pelo menos parece... Comic-Con San Diego 2012 =]





E aqui ele realmente utilizando o Ving Tsun no filme "Sherlock Holmes":

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Aplicando minhas observações


Na sessão de ontem estava presente novamente o SiHing Ronald. A SiFu disse que ele tinha tentado passar para um horário de quinta-feira que não funcionou para ele, então voltou para o nosso horário de quarta. Assim teremos uma "turma" no Siu Nim Do, formada por mim, SiHing Ronald e SiDai Esdras. O SiHing tem aproximadamente 1 mês a mais do que eu, já tendo visto um pouquinho do Cham Kiu, e o SiDai, como eu disse, começou na semana passada, sendo apenas 2 sessões de diferença, então estamos todos bem próximos no nosso conhecimento.

Esta sessão serviu para começar a nivelar os três, aprimorando um pouco mais os conceitos do SiDai, para então prosseguirmos no Siu Nim Do. Fizemos o que já conhecemos do Siu Nim Do, com o SiHing já fazendo um pouco mais do que nós. Interessante a questão que o SiDai colocou, quando ele disse que eu e o SiHing fazíamos um movimento que ele não estava fazendo, e qual seria a forma correta de se fazer o Siu Nim Do. SiFu disse que não iria responder na hora, e que isto era proposital, para que ele pudesse observar mais, consciente de que ainda precisa absorver mais coisas. Mais uma vez o estímulo para absorvermos as informações disponíveis, mesmo que elas não tenham sido dispostas explicitamente na nossa frente.

Fizemos com o SiDai o exercício da "conexão de energia" que eu fiz na minha primeira sessão, e que ele ainda não tinha feito. Este exercício consiste em 2 pessoas, no Yi Ji Kim Yeung Ma (base), uma de frente para outra, tocarem as palmas das mãos, com uma aplicanado força/energia em diversas intensidades e a outra tentando equilibrar a mesma energia de modo a alcançar um equilíbrio entre as duas. Ele é interessante porque aprendemos a manter uma consciência do nosso Yi Ji Kim Yeung Ma, desde a posição dos pés, dos joelhos, coluna, quadril, ombros, de forma a nos mantermos firmes na base, porém sem fazer grande esforço, e a partir daí absorver e projetar a energia de acordo com a situação.

Como somos agora três alunos, enquanto a SiFu fazia aquele exercício com o SiDai, eu e o SiHing fomos fazer o exercício de mobilização da segunda sessão, com a supervisão do SiHing Thiago Wasserman, que também estava presente. No início a SiFu demonstrou o exercício primeiro comigo, depois com o SiHing Ronald, para que o SiDai visse como seria feito, e então eu e o SiHing fomos fazer o exercício. Eu tinha comentado com ela que na segunda sessão tive dores no ombro por causa do exercício e que na sessão passada tinha começado a sentir, mas que tinha passado a semana pensando em como melhorar o exercício, e testei a minha ideia quando fiz o exercício com ela. Para minha surpresa funcionou muito bem. Foi mais fácil erguer os braços e descruzar as mãos para então projetar a energia e "arremessar" o oponente (neste caso, a própria SiFu), e o próprio movimento do arremesso foi surpreendentemente natural, vindo da minha base ao invés do tronco.

Neste exercício temos dois papéis: o imobilizador (ou como a SiFu nos explicou, "mobilizador") e o imobilizado, que é quem deve fazer o movimento de erguer os braços, descruzar as mãos e projetar a energia para a frente. SiFu mais uma vez nos explicou a diferença entre imobilizar e mobilizar, dizendo que o nosso objetivo é mobilizar o outro, ou seja, estimular o outro utilizar os dispositivos para alcançar o resultado esperado. O mobilizador deve se colocar em uma situação não de impedir o outro de fazer movimentos (imobilizar), mas sim de aplicar a energia suficiente para que o outro possa concluir o exercício. Como a SiFu disse, por menor que seja a energia aplicada, podemos perceber que ela está ali, e esta quantidade mínima pode ser o suficiente para que a pessoa faça o seu exercício. O mobilizador deve entender o limite e a necessidade do outro para ajudá-lo a alcançar o objetivo do exercício.

Até o final da sessão ficamos revezando entre os dois papéis, às vezes com o SiHing Ronald, às vezes com o SiHing Wasserman, e mais tarde com o SiDai Esdras também. Ao final na sessão tecemos nossos comentários, o que cada um estava tirando daquela experiência. Para mim foi legal para ter principalmente mais consciência do espaço que eu preciso ocupar, tanto para as minhas ações quanto para as ações dos outros, assim como medir a energia necessária.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Um mês de Siu Nim Do

Depois da introdução feita pela SiFu Ursula no dia 13/06, como eu disse no primeiro post, uma semana se passou até a minha primeira sessão, no dia 19/06. Esta foi a introdução ao Siu Nim Do ("pequena ideia do caminho"), que é uma apresentção ao sistema Ving Tsun criada por Moy Yat, para que se veja um pouco do que é o sistema antes de se ingressar realmente no estudo da arte, com o Siu Nim Tao.

Fui apresentado à primeira parte do Siu Nim Do pelo SiHing Luciano, e depois tive que fazer o mesmo, tendo visto apenas uma vez. Pode parecer um tanto cruel, ou "jogado", mas consegui fazer quase tudo o que tinha visto, para minha própria surpresa. E ainda para minha surpresa, fui informado que, mesmo tendo "pulado" uma parte, estava "quase tudo lá." Mais tarde fui entender que, como tudo o que vou ver no sistema, havia um propósito para aquilo, e neste caso era o de estimular o foco e a concentração.

A primeira parte dessa sessão inicial foi um tanto teórica, aprendendo o significado de alguns fundamentos, aprendendo também a fazer a base do Ving Tsun, o Yi Ji Kim Yeung Ma. Esta base parece muito estranha no começo, com os pés virados para dentro, mas depois... ela continua parecendo muito estranha, pelo menos visualmente! Mas a gente também vai aprendendo o porquê disso.

Depois de treinar mais um pouco a base e o que eu já tinha visto do comecinho do Siu Nim Do, com algumas dicas de como obter o melhor posicionamento dentro dos meus limites, fomos exercitar a base propriamente dita, com alguns exercícios de "conexão de energia" tanto com a mestra como com outros alunos que estavam lá. E aí comecei a ver a base em funcionamento.

Fiquei com o "dever de casa" de treinar a base e os movimentos do Siu Nim Do em casa e voltar na semana seguinte. Por enquanto estou tendo apenas uma sessão por semana.

Um parêntese engraçado: quando voltei para casa depois dessa primeira sessão, a Fernanda me perguntou como tinha sido a aula, e eu fui mostrar o que eu tinha aprendido, ou seja, aqueles primeiros movimentos do Siu Nim Do. "Entrei" na base, comecei a fazer os movimentos, e o meu cachorro olhou com aquela cara de "que diabo é isso?" e desandou a latir. Nós caímos na gargalhada! E agora sempre que vou treinar em casa isso acontece. Acho que ele não gosta muito de kung fu não!!!

Na semana seguinte, minha segunda sessão, dia 27/06. Saí um pouquinho atrasado do trabalho, então foi uma correria para conseguir chegar, mas atrasei acho que uns 5 minutinhos só. Estilo The Flash! Quando cheguei fui recebido pelo SiHing Guilherme, que me informou que a mestra não poderia ir naquele dia, e eu faria a sessão com ele e com o SiHing Ronald. Foi uma sessão já mais "física", onde eu deveria, utilizando a base e um movimento que tinha aprendido no Siu Nim Do, me livrar de uma "(i)mobilização" e projetar o oponente.

Nessa sessão ocorreu um pequeno conflito do meu pensamento ocidental com a passagem de conhecimento oriental. Como fui informado, no pensamento oriental não existe muito o "certo" e o "errado", tudo depende de interpretação. Eu tinha visto isso um pouco na primeira sessão, quando tive que fazer o Siu Nim Do "de primeira", mas nessa sessão foi muito mais explícito. O SiHing Guilherme me mostrou como seria o exercício, e eu teria que fazê-lo com as informações que eu já tinha, e ir descobrindo a melhor forma de utilizá-las naquela situação, de acordo com o meu corpo e com o corpo do oponente.

Foi difícil. Senti falta de um direcionamento um pouco mais claro, mais no estilo ocidental do "não faça isso porque não é assim, você deve fazer deste jeito". Mas como já disse, isso não existe pro chinês...

Ao longo da sessão o SiHing ia me observando e foi dizendo que eu estava melhorando, evoluindo, só que nessa eu acabei forçando o meu ombro, que ficou doendo até sábado! E saí de lá ainda sem saber o jeito "certo" de fazer o movimento. O SiHing Leo (aquele que encontramos no dia que fui conhecer o Mo Gun) apareceu durante a sessão também, fez o exercício comigo algumas vezes, mas também não me ajudou na minha busca "ocidental" pela resposta hehehe.

Mas essa sessão foi de exercício mesmo, e dessa eu saí bastante suado e um pouco cansado! O que não aconteceu de forma alguma na terceira sessão, dia 04/07...

Nesta sessão fui apresentado ao Esdras, que estaria começando o Siu Nim Do naquele dia, sendo a sua primeira sessão. E ali eu me vi em uma situação que eu não imaginei que viria tão cedo. Eu faria o papel que foi do SiHing Luciano lá na minha primeira sessão.

Feitas as apresentações, a SiFu Ursula me pediu que mostrasse o início do Siu Nim Do ao Esdras, "uma vez somente", para que ele pudesse fazê-lo em seguida. Mas, pelo meu pouco tempo de prática e também pelo inusitado da situação, acabei pulando um pedaço (o mesmo que eu não tinha feito na primeira sessão) e tive que fazer de novo. Nessa o Esdras se deu bem, pôde ver mais de uma vez antes de tentar fazer!

Em seguida, ao mesmo tempo em que ia dando algumas explicações ao Esdras, ela ia me pedindo que desse algumas "dicas" sobre cada movimento do Siu Nim Do e da base Yi Ji Kim Yeung Ma. Foi interessante para ver o que eu já tinha absorvido do conhecimento, e além disso, o que eu já tinha entendido dos conceitos.

Não sei como vão ser as próximas sessões do Esdras, mas em comparação com a minha primeira, tive a impressão de que eu recebi mais informação naquela do que ele recebeu nessa. Não sei o quanto isso vai fazer diferença, ou se a SiFu entendeu que ele não precisaria (ou não deveria?) receber a mesma quantidade que eu recebi na minha primeira sessão. Até porque tudo isto parece ser bastante subjetivo, e ela ainda fez questão de frisar que aquela ainda era a minha sessão.

No finalzinho da sessão ela fez comigo aquele exercício da segunda sessão, para exemplificar para o Esdras um pouco da utilização da base, e ali eu vi que ainda não tinha conseguido encontrar a minha forma correta de fazer o movimento. Na primeira vez que fizemos, senti imediatamente o ombro sendo forçado. Na segunda foi um pouco melhor. Mas fiquei com aquilo na cabeça.

Durante a semana continuei pensando na forma de fazer o movimento do exercício, e acho que cheguei a uma possível solução, que pretendo testar na minha quarta sessão, hoje, 11/07, onde devemos fazer o exercício novamente. Vamos ver!!!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Começando do início...

Estou começando no Ving Tsun e resolvi registrar aqui as minhas experiências e o meu caminho nesta arte.

Eu confesso que nunca fui um fã fervoroso de "lutas". Nunca fui de assistir muitos filmes de kung fu. Nunca fui de acompanhar artes marciais. Claro, eu assisti a "O Karatê Kid" quando era pequeno, mas quem da minha idade não o fez? Só que depois disso não vi muito mais, e nem fui praticar caratê influenciado pelo filme, como muitos fizeram. Na minha adolescência eu fiz jiu-jitsu por um tempo, e até gostava, avancei um pouquinho (não lembro extamente até onde, se não me engano faixa laranja com 1 grau), mas depois que o professor deixou de dar aulas eu acabei não continuando. Não procurei outro professor e nunca mais pratiquei.

Muitos anos se passaram, eu fui ficando cada vez mais sedentário (ou em modo de economia de energia!) e fiquei muito, mas muito tempo sem praticar exercícios físicos.

Já há alguns meses eu pensava em tentar voltar para o jiu-jitsu, comecei a pesquisar na internet se havia alguma academia para iniciantes perto de casa. Sim, para iniciantes porque, tendo estado tanto tempo parado, inevitavelmente eu teria que voltar para a faixa branca. E sim, perto de casa, porque como disse estou em modo de economia de energia, e sei que se fosse um pouco longe, mesmo que eu começasse, chegaria um momento em que eu não iria mais. E além disso, uma coisa que me desanimava também no jiu-jitsu era a fama e o direcionamento de "esporte de competição" e/ou "luta de pitboy". Não queria ir para academia para "entrar na porrada", o que eu procurava era um exercício físico.

Nesse meio-tempo, na empresa onde estou trabalhando, entrou na equipe uma pessoa para ajudar na comunicação com o cliente, que estava ficando um tanto desgastada. Começamos a trabalhar juntos, e como a principal parte do trabalho dele era exatamente essa comunicação com o cliente, ele conversava muito com as pessoas da empresa, tanto assuntos relacionados ao projeto quanto assuntos em geral. Eu acompanhava alguma dessas conversas, e um dia estavam falando sobre "uintchum", e eu não fazia ideia do que era isso. Em outro dia o vi acessando um site e vi que era sobre "Wing Chun", que eu ainda não sabia o que era, mas consegui ligar àquele nome estranho que eu tinha ouvido antes. Até que em outra ocasião ele, que se chama Cláudio, comentou comigo sobre o Wing Chun e eu finalmente soube do que se tratava.

O Cláudio me explicou que o cliente já conhecia o Wing Chun pois havia assistido a uma palestra do Leo Imamura em uma outra empresa onde havia trabalhado. Eu até então também não sabia quem era Leo Imamura, e ele foi então me falar um pouco sobre isso tudo. Falou sobre o sistema, me mostrou alguns videos de Ip Man, que eu obviamente também não conhecia e achei muito estranhos aqueles movimentos que ele fazia nos videos. Aquilo era kung fu? Mas kung fu não é aquele lance que o Bruce Lee faz nos filmes que eu não vi? Não são chutes altos, giros e gritinhos? Era este o estereótipo que eu conhecia. Fui ficando cada vez mais instigado.

Comecei então a pesquisar sobre o Wing Chun na internet, e aí comecei a entender um pouco melhor do que se tratava. Li bastante sobre o assunto, sobre Ip Man, Yim Wing Chun, Ng Mui e o próprio Bruce Lee. Comecei a ver mais alguns videos no YouTube, já com outros olhos e entendendo um pouquinho mais o que estava acontecendo. Até que decidi saber se havia uma academia perto de casa (economia de energia!). Não daria para fazer com o Cláudio, já que ele mora em Niterói, e sair de casa ou do trabalho para treinar em Niterói e voltar não passava pela minha cabeça. Ainda não passa, pra falar a verdade.

Quando fiz essa pesquisa, vi alguns locais mais ou menos perto, mas que não daria para ir andando, e se não desse para ir andando não seria perto o suficiente para o meu estado de economia de energia. Mas de qualquer maneira já era um indício. Até que encontrei 2 endereços bem perto de casa, os 2 mais ou menos equidistantes. Resolvi escrever para pedir maiores informações. O primeiro não respondeu, e estou esperando até hoje! O segundo era a escola que foi me acolher, no final das contas.

Eu já estava deitado, fazendo minhas pesquisas no tablet enquanto a Fernanda (minha esposa) assistia sua novela da madrugada no Viva, antes de dormir, e mandei o email pedindo informações. Era sobre a unidade de Copacabana da "Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence". Era tão misterioso quanto a outra escola que não havia me respondido, e ainda escreviam o nome de forma diferente! Depois disso fui dormir. Até então eu não tinha falado nada ainda com a Fernanda, acho que nem sobre a abortada volta ao jiu-jitsu. Ainda era uma "investigação solitária", um "vamos ver no que dá".

Acordei no dia seguinte, fui para o trabalho e, por volta das 11h da manhã, recebi um email de "Ursula Lima 'Moy Lin Mah'". Para minha surpresa, era um convite para conhecer o núcleo, ao invés de simples respostas às perguntas que eu tinha feito no email (horários, preparativos, idade, endereço, essas coisas). Mais alguns emails trocados durante a tarde e marcamos a visita para o mesmo dia, às 19:30. Isso foi no dia 13/06.

Feito isso, enviei um SMS para a Fernanda perguntando se ela gostaria de ir conhecer uma "academia" comigo. Ela tomou um susto, já que como eu disse, ainda não tinha contado pra ela. Susto ainda maior foi quando ela me perguntou "academia de que" e eu respondi simplesmente "kung fu". Deve ter achado que eu tinha ficado maluco. Mas me deu todo o apoio e disse que iria sim comigo.

Fomos à noite conhecer a escola, e fiquei mais uma vez surpreso em ver que era apenas uma sala em um edifício comercial em Copacabana. Quando pensamos em "academia de artes marciais" logo pensamos em espaços grandes, tatames, filas e filas de pessoas fazendo movimentos ritmados e sincornizados, mais um estereótipo, e não era nada do que eu via ali. Vi um espaço arrumado, bem cuidado e tranquilo, o extremo oposto do conceito de "academia", seja de artes marciais, de ginástica, etc., que eu tinha. 

Mestra Ursula nos recebeu muito bem, e começamos a conversar. Falou sobre o Ving Tsun como forma de arte, falou sobre a história, sobre Moy Yat e Ip Man, perguntou sobre minhas expectativas, sobre as expectativas da Fernanda, entre outras coisas. Até cheguei a cogitar que ela podeira estar pensando em mim como "um aluno estranho", pois não era fã de lutas propriamente dito, não vi muitos filmes do Bruce Lee, este tipo de coisa que eu acho que deve ser lugar-comum entre aqueles que procuram uma arte marcial para praticar. Muitas perguntas que ela fazia eu respondia com um "não"... Mas, como eu disse durante a nossa conversa, o meu objetivo não era tanto a "luta" quanto a "arte", além da possibilidade de me exercitar novamente, e o Ving Tsun me pareceu uma oportunidade de começar o exercício aos poucos, e de forma bem menos violenta que o jiu-jitsu, por exemplo. Hoje vejo, mesmo com o pouquíssimo tempo, que no Ving Tsun não tem disso de "aluno estranho" ou "aluno errado". O Ving Tsun se adapta a todos, e todos podem se adaptar ao Ving Tsun.

Depois de praticamente uma hora de conversa, ela foi nos mostrar o Mo Gun. Havia algumas pessoas treinando, e um deles era o Leo, que foi namorado de uma amiga da Fernanda. Muita coincidência! Mestra Ursula nos mostrou a área onde se presta homenagem aos ancestrais da família, o quadro com os níveis do Ving Tsun, o boneco de madeira, e continuamos conversando mais um pouco. Tiradas todas as dúvidas, eu resolvi finalmente aceitar o convite e ingressar no Ving Tsun Experience, que é a introdução ao sistema através do Siu Nim Do. A primeira sessão seria dali a uma semana, no dia 19/06.